Império Seljúcida Islamita e as invasões das Cruzadas e dos Mongóis

Invasões dos Cruzados e Mongóis ao Império Seljúcida Islamita no Oriente Médio:

Por volta do ano 1.000 da nossa história, uma grande ameaça começou a pairar sobre os destinos da Igreja Católica Romana, situada em Roma, na atual Itália. Os cardeais e o papa perceberam que estavam ficando totalmente cercados por uma grande ameaça vinda do Oriente Médio, e também do Norte da África: a ameaça de uma grande invasão pelos exércitos árabes, mamelucos e mouros, convertidos pela religião muçulmana!

Os árabes já tinham entrado na Europa, na Península Ibérica, e também na Armênia e nas terras da Grécia, Romênia, Império Bizantino, Bulgária, e na região da antiga Iugoslávia. Faltava pouco para eles invadirem a Península Itálica, pois já tinham dominado algumas ilhas próximas, no Mar Mediterrâneo. Os árabes já tinham penetrado também no Reino dos Francos, de onde foram expulsos por Carlos Martel. Neste mapa abaixo podemos ver como era a extensão do Império Seljúcida por volta do ano 1.000, na Idade Média, e a pressão que ele estava exercendo sobre o Império Bizantino naquela época.



A religião islamita, ou muçulmana, criada pelo Profeta Maomé, representava um grande perigo para a continuidade do cristianismo católico, instalado em Roma, pois ela pregava a "Jihad", ou guerra santa contra os povos considerados "infiéis", ou não convertidos ao Islã. Além disso, ela oferecia vantagens econômicas aos estrangeiros que se convertiam aos ensinamentos da crença muçulmana.


Outro problema, era a crescente violência que começava a aparecer nos reinos cristãos, pois os pequenos reinos, que se espalhavam pela Europa, abusavam das disputas políticas e territoriais, promovendo várias guerras e combates violentos.

Assim, o papa e os cardeais decidiram "canalizar" esta crescente violência selvagem para cima dos rivais religiosos. Decidiram então criar expedições guerreiras, para tentar libertar a chamada “Terra Santa”, e  a cidade sagrada de Jerusalém, do poder do Império Islamita,  e para tentar atingir os islamitas bem no centro do seu poder, instalado na região do Oriente Médio.

Os cruzados eram grupos armados de fiéis cristãos religiosos que pegavam em armas para defender as causas da Igreja Católica Romana. Por isso, estas expedições guerreiras foram chamadas de Cruzadas. Na verdade, as Cruzadas foram uma guerra declarada entre os adeptos de duas religiões diferentes, ou seja, uma guerra dos católicos contra os muçulmanos. Foram criadas várias expedições guerreiras, mas, as cruzadas mais importantes foram apenas oito, que aconteceram entre os séculos XI e XIII.




Quem mais lucrou com as cruzadas foram os mercadores e comerciantes italianos, que realizaram o transporte, hospedagem e alimentação das tropas. Algumas cidades italianas, tais como Gênova, Nápoles e Veneza, por serem cidades portuárias, ficaram mais ricas, durante este período. A reabertura do comércio pelo Mar Mediterrâneo foi outra consequência favorável para a circulação das moedas e o desenvolvimento das práticas mercantilistas. O consequente aumento no comércio das especiarias orientais trouxe uma maior movimentação comercial para as maiores cidades europeias, e acelerou o final da Idade Média, e o surgimento da chamada “Idade Moderna”. Outra cidade italiana que cresceu muito neste período foi a cidade de Pisa, que era a capital da República de Pisa, que existiu durante os anos 1060 e 1406. A República de Pisa ficava no Mediterrâneo, onde fica o Mar Tirreno, em frente da Ilha da Córsega. No mapa acima, à esquerda, podemos ver a situação política da Península da Itália por volta do ano 1.000. Poucas pessoas sabem, mas, a Ilha da Sicília já foi um Emirado Árabe, e foi invadida pelos muçulmanos do Egito entre os anos 827 e 1072, ou seja, durante 245 anos! O Império Bizantino também tinha terras no sul da Itália, e teve uma disputa territorial com o Emirado da Sicília.


A Primeira Cruzada foi convocada pelo Papa Católico Urbano II, no Concílio de Clermont, em 1095, na França, com a desculpa de proteger os peregrinos que se dirigiam para Jerusalém e liberar o caminho dos católicos até aquela região sagrada, onde Jesus Cristo viveu. A conquista daquela região pelos seljúcidas islamitas passou a ameaçar as populações cristãs locais, os peregrinos que vinham da Europa, e o próprio Império Bizantino. O imperador bizantino Aleixo I já havia solicitado ajuda para o papa Urbano.

No ano de 1.096 a Primeira Cruzada partiu da Europa para a cidade bizantina de Constantinopla. Lá chegando, os cruzados receberam o reforço dos mercenários contratados e treinados pelo Império Bizantino. 

As tropas, cerca de 35.000 guerreiros, foram comandadas por Godofredo de Bulhão, Raimundo de Toulouse e Boemundo de Taranto, por isso, também foi chamada de “cruzada dos nobres”.

Em 1.097 a cruzada saiu de Constantinopla e tomou as cidades de Nicéia e Antióquia. Depois os cruzados se dirigiram para Jerusalém, onde eles cercaram e atacaram a cidade, entre dezembro de 1098 e julho de 1099.


Um grande massacre contra a população de Jerusalém foi praticado pelos exércitos dos cruzados e seus aliados bizantinos, inclusive contra as mulheres e as crianças daquela cidade sagrada. Foram mortos muçulmanos, judeus, e até cristãos. A carnificina foi tamanha que revoltou os líderes do Império Seljúcida Islamita.

A Primeira Cruzada permitiu a criação do Reino Latino de Jerusalém, que durou cerca de um século. Outros reinos cristãos também foram criados naquela região. Os cristãos conseguiram reabrir o caminho dos peregrinos que iam visitar o “Santo Sepulcro”, onde Jesus Cristo foi enterrado. Os cruzados também conseguiram conquistar a cidade de Trípoli, situada na atual Líbia.

Os cruzados criaram a Ordem dos Hospitalários, para dar assistência médica para os feridos e doentes. Criaram também a Ordem dos Templários, ou dos Pobres Cavaleiros de Cristo, para dar ajuda militar e servir de proteção aos peregrinos que se dirigiam à Terra Santa. A Ordem Teutônica foi outra ordem criada pelos cruzados, na cidade do Acre, sendo uma das mais poderosas e influentes da Europa. Foi criada para ajudar os soldados germânicos feridos nas cruzadas.

A Primeira Cruzada também permitiu a reabertura das rotas marítimas dos comerciantes europeus pelo Mar Mediterrâneo, principalmente para os comerciantes das cidades italianas de Gênova, Veneza e Pisa, pois o Mar Mediterrâneo era ocupado anteriormente pelos navios comerciais árabes, conforme vemos nesta imagem à direita.

Pessoalmente, eu acredito que este conflito atual, existente hoje em dia no Oriente Médio, envolvendo Israel e os países árabes, também se deve um pouco aos fatos históricos antigos, que começaram a acontecer já nesta época das Cruzadas.

Em 1.144 os muçulmanos seljúcidas, liderados por Zengui, governador de Moçul e Aleppo, conquistaram o Condado Cristão de Edessa, vassalo do Reino Latino de Jerusalém, massacrando os 6.000 habitantes de Edessa, no norte da Síria. O Reino Cristão de Edessa já tinha atingido a sua máxima extensão por volta do ano de 1135.

Esta derrota de Edessa para os muçulmanos obrigou o Papa Eugênio III a convocar a Segunda Cruzada, realizada entre 1147 e 1149. A Segunda Cruzada não deu bons resultados, pois não foi enviada ao Oriente, e se preocupou mais em combater os eslavos pagãos, os povos pomeranos, e em reconquistar a cidade de Lisboa, em Portugal.



O Rei português Dom Afonso Henriques, com a ajuda de uma armada de cruzados, com 164 navios, vindos da Inglaterra, cercou Lisboa, em 01 de julho de 1.147, e concluiu a conquista da cidade, que estava ocupada pelos mouros, em 21 de outubro de 1147. Dom Afonso Henriques já havia se proclamado rei de Portugal desde o ano de 1139.
As forças militares portuguesas avançaram por terra, enquanto as forças militares dos cruzados ingleses penetraram pela foz do Rio Tejo, cercando Lisboa. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal e reinou por cerca de 42 anos. Veio a falecer em 1185, com 76 anos de idade.

O rei de Leão e Castela, na Espanha, chamado Afonso VII, aproveitou para tomar a cidade de Almeria, no litoral sul da Espanha, utilizando também a ajuda desta mesma armada de navios dos cruzados ingleses.


Enquanto isso, no Egito, o Vizir Saladino Aiube, que nasceu em Tikrit, no Iraque, derrubou a Dinastia Fatímida, que governava o Egito, em 1.171, e implantou um Sultanato Islamita Sunita, que foi vassalo do Califado Abássida de Bagdá.

Saladino também substituiu os guerreiros mamelucos bérberes, da guarda pessoal do sultão, por guerreiros mamelucos turcomanos, vindos das regiões do Iraque, Anatólia, e da Pérsia, mantendo alguns bérberes mais experientes no exército do sultanato.



Os cruzados que estavam na Terra Santa ainda tentaram cercar e tomar a cidade de Damasco, mas, não conseguiram, e se retiraram para Jerusalém.
Posteriormente, em 1.187, forças muçulmanas comandadas pelo já então Sultão do Egito, Saladino Aiube, travaram a famosa Batalha de Hattin, contra os exércitos cristãos, comandados por Guido de Lusignan, e venceram, reconquistando Jerusalém. Em 1171 Saladino aboliu a Dinastia Fatímida, que governava o Egito, e criou a Dinastia Aiúbida, formando uma aliança com o Califado Abássida, que o apoiou, e o transformou em rei do Egito (Malik).

Guido de Lusignan foi feito prisioneiro por Saladino, que o libertou, mais tarde. Posteriormente, durante a Terceira Cruzada, Guido de Lusignan acabou sendo eleito Rei da Ilha de Chipre. Saladino também capturou Damasco em 1.174, e Aleppo, em 1.183, tendo fundado vários colégios, para o ensino da religião islâmica, chamados "Madraças".

Saladino conquistou também a cidade do Acre (São João do Acre), que era um porto muito importante, pois era um porto estratégico, conhecido desde a época do Antigo Egito. O Porto do Acre servia para a chegada dos peregrinos, e também como escoamento das mercadorias e especiarias que vinham da Ásia.


Durante estes combates, Saladino passou a usar como arma as grandes catapultas, conhecidas como manganelas, para o arremesso de grandes pedras em direção das muralhas. Também se utilizou das tropas dos mercenários mamelucos, leais aos califas,  e que eram as tropas de guerreiros escravizados e treinados desde criança. Estas tropas de mamelucos eram constituídas por soldados treinados desde criança, e vindos dos reinos das tribos dos veregues, que ficavam ao norte do Mar Negro, onde hoje fica a atual Ucrânia.

Durante a Idade Média, estes reinos veregues deviam prestar vassalagem para o Império Bizantino, e as suas tribos tinham a obrigação de fornecer crianças pequenas, para serem treinadas em Constantinopla. As tribos veregues chamaram a atenção dos militares bizantinos porque os seus guerreiros eram fortes e usavam machados para combater. Os veregues eram descendentes das antigas tribos dos guerreiros vikings, da Escandinávia.

Mais tarde, essas tropas apelidadas de “Guarda Veregue”, foram mandadas para o Egito, onde serviram junto com os mamelucos e bérberes, comandados por Saladino, que na ocasião era o Vizir (Malik ou rei) da Província Seljúcida do Egito.


Saladino também foi o primeiro Sultão do Egito e da Síria, mas, ele era de descendência curda, pois sua família era do Curdistão.
A grande vitória de Saladino ocorreu em 1.187, na Batalha de Hattin, onde ele venceu as tropas do francês Guy de Lusignan, e também do Príncipe da Galiléia, Raimundo III de Trípoli, que era o rei de Jerusalém.

O Sultão Saladino utilizou a estratégia de colocar fogo no capim da planície, para formar fumaça, e para os cruzados não verem a chuva de flechas que vinham em sua direção! Raimundo conseguiu escapar, e Guy de Lusignam teve a sua vida poupada pelo sultão Saladino.


A Terceira Cruzada foi  convocada pelo Papa Gregório VIII, e foi chamada de Cruzada dos Reis, pois tinha a participação de três dos maiores reis daquela época: Felipe Augusto (França), Ricardo Coração de Leão (Inglaterra) e Frederico Barba Ruiva (Sacro Império Germânico).

O Papa Gregório VIII ficou muito preocupado com o crescente poderio do Sultão Saladino, que ameaçava acabar com todo o Reino Latino de Jerusalém. Isto obrigou o Papa Gregório VIII a mandar a Terceira Cruzada, em 1.189, para a Terra Santa.

Depois que o Sultão Saladino reconquistou a cidade e o porto do Acre, ele restaurou a fé islãmica na cidade e reforçou as muralhas do Porto do Acre. Saladino também executou reformas e construções na cidade de Fostate, no Cairo, e que era a antiga capital do Egito onde, por exemplo, construiu a Cidadela de Saladino, conforme podemos ver na imagem abaixo:



Quando chegou na Anatólia, o Imperador Frederico Barba Ruiva, ao atravessar um rio, caiu do cavalo nas águas, e não conseguiu mais se levantar, por causa do peso da sua armadura, morrendo afogado. Isto causou uma desorganização no seu exército, e alguns guerreiros resolveram voltar para a Alemanha.

Os franceses e ingleses chegaram de navio na Terra Santa, e logo conquistaram a Ilha de Chipre. A seguir, tomaram as cidades de Acre e Jafa. Ricardo Coração de Leão conquistou o Porto do Acre em 1.191, que foi transformado na nova capital do Reino Latino, e no último "bastião da cristandade" na Terra Santa.




O Rei Felipe decidiu voltar para a França, para resolver problemas com seu reino. Por fim, os cruzados do Rei Ricardo Coração de Leão conseguem fazer um acordo com o Sultão Saladino, em 1.192, garantindo o direito dos peregrinos visitarem o Santo Sepulcro, em Jerusalém, mas, os cruzados não conseguiram mais conquistar aquela cidade sagrada. A cidade de São João do Acre continuou sendo a capital do pequeno Reino Latino, e continuou sendo o porto de chegada dos peregrinos cristãos. O Porto do Acre recebia comerciantes italianos, bizantinos, egípcios, africanos, e outros provenientes da Ásia.

Saladino morreu em 1.193, aos 56 anos de idade por causa de uma febre tifóide, causada pela bactéria Salmonella Typhi, que os médicos árabes não conseguiram combater! Saladino foi o responsável por realinhar o Egito com o Califado Abássida Sunita, cuja capital ainda ficava em Bagdá.

A Quarta Cruzada, em 1.202, também se desviou dos seus objetivos, pois, tinha como meta atingir primeiro a cidade do Cairo, no Egito, e depois conquistar Jerusalém. Mas, os cruzados, junto com os venezianos, tomaram e saquearam a cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino, onde as tropas cruzadas estavam acampadas. Depois disso, os cruzados acabaram com o Império Bizantino e criaram o Império Latino de Constantinopla, com reis católicos, mas que não durou por muito tempo. Porém, a cidade de Constantinopla continuou existindo.



Aconteceram mais 4 cruzadas importantes, sendo que na sétima, em 1248, o Rei da França Luis IX, conseguiu reunir um exército de 35.000 homens e se dirigiu para o Egito. onde travou a Batalha de Damieta, conquistando aquela cidade. Depois Luis se dirigiu para a cidade do Cairo, onde uma enchente do Rio Nilo o impediu de conquista aquela cidade. O rei Luis IX teve que bater em retirada, para a cidade de Almançora, (Mansoura), porque o seu exército foi atacado pela doença do tifo.
Em Almançora, o rei Luis travou outra batalha, contra o exército da Dinastia Aiúbida, do Egito, em fevereiro de 1250. Mas, Luis foi derrotado e capturado pelo General Mameluco Baybars Bunduqdari, que liderava as tropas mamelucas da Dinastia Aiúbida, durante o reinado da Sultana Shajar al Durr, do Egito. Shajar al Durr foi viúva do sultão Sale Aiúbe e sultana do Egito por um curto período de 3 meses, até os mamelucos elegerem um novo sutão chamado Izadim Aibaque, que tinha se casado com Shajar.
O Rei Luis foi solto, depois que pagou um grande resgate, de 800 mil peças de ouro. Também teve que devolver a cidade de Damieta, que havia conquistado, e voltou para a França. Quanto ao general Baybars, mais tarde ele se tornou um grande sultão do Egito e da Syria, entre os anos de 1260 a 1277.


A oitava, e a última cruzada mais importante, aconteceu em 1.270, quando o mesmo Rei Luiz IX, da França, e a maioria dos guerreiros cruzados, acabaram morrendo por causa da terrível Peste Negra, quando chegaram em Tunis, no norte da África.
Depois disso, o ímpeto da cristandade, de querer dominar a cidade sagrada de Jerusalém, acabou perdendo o seu interesse inicial. Mais tarde, Luis de Poissy, foi canonizado pela Igreja Católica, em 1297, com o nome de São Luis. O rei São Luis teve 11 filhos com sua esposa, Margarida da Provença. Seus descendentes chegaram a quase todos os tronos da Europa e da América. Margarida foi quem negociou o pagamento do resgate do Rei Luis IX, durante a desastrosa Sétima Cruzada.

A Peste Negra foi uma grande pandemia, que atingiu a Europa, na Idade Média, e que era causada pela bactéria Yersinia Pestis, encontrada nas pulgas que os ratos, e outros roedores, carregam no seu corpo. Também pode ser transmitida pelas secreções das pessoas infectadas e até pelas vias respiratórias! O tratamento atual é feito com o uso de antibióticos, que ainda não eram conhecidos naquela época!

Alguns cientistas acreditam que a Peste Negra apareceu primeiro nas pulgas das marmotas de um lago que existe no Quirguistão. A Peste Negra foi responsável pela morte de cerca de 25 milhões de pessoas na Europa, e cerca de 150 milhões de pessoas na Ásia! Alguns historiadores acreditam que a peste foi trazida para a Europa pelas pulgas dos ratos que viviam nos navios mercantes genoveses e venezianos, que vinham do Oriente Médio e do norte da África. Mais tarde, a peste negra atingiu todo o resto da Europa através da Península da Itália.



Durante a Idade Média, existiram alguns povos que se preocuparam mais com a cultura, as ciências, a medicina, astronomia, agricultura, artes, química, arquitetura, enfim, em estudar e preservar a cultura e vários outros conhecimentos. Algumas cidades do Oriente e da Península Ibérica se preocuparam mais em preservar e estudar os antigos conhecimentos dos povos antigos, e em guardar estes conhecimentos em bibliotecas e casas do saber e da cultura. Existiam importantes cidades islãmicas, tais como Bagdá, Córdoba, Toledo, Bucara e Ispahã (capital do Império Seljúcida), que tinham grandes bibliotécas, e até mesmo Universidades. Em Ispahã, (Ispaã, Isfahan, ou a antiga Aspadana), viveu o médico e filósofo muçulmano chamado Avicenna, (Ibn Sina), que escreveu vários livros e tratados, inclusive dois livros famosos chamados "O livro da cura" e "Cânone da Medicina". Avicenna era muito inteligente, e tinha um grande conhecimento geral, e por isso foi considerado o "príncipe dos médicos".


Samarcanda e Bagdá tinham fábricas de papel que eram usados para escrever os livros, inclusive o livro sagrado do Alcorão. O processo de fabricação do papel veio da China, onde era usado pela Dinastia Han. A cidade de Bagdá empregava escribas e encadernadores de livros. Na figura acima podemos ver um exemplar antigo do livro sagrado do Alcoorão, que está guardado em um museu.

A grande influência dos comerciantes muçulmanos fez com que a civilização islâmica se desenvolvesse sobre uma base comercial mercantil, ao contrário dos cristãos, indianos e chineses que construíram suas sociedades a partir de uma nobreza cujo poder estava apoiado na posse de terras e na produção agrícola. Os árabes e os seljúcidas islamitas tinham hospitais e bibliotecas públicas, além de universidades e observatórios astronômicos, durante a Idade Média!


Outro grande perigo para a Cristandade e para o Império do Islã foi o avanço quase imparável das tropas mongóis de Gengis Khan! A cavalaria do exército mongol dominou vastos territórios, e a máquina de guerra mongol foi uma das mais eficazes e brutais da história da humanidade! A cavalaria mongol era formada por jovens arqueiros que disparavam sua flechas com o cavalo em movimento. Inicialmente, espiões eram infiltrados nos exércitos adversários, para conseguir o maior número possível de informações. Quando o combate começava, a cavalaria mongol pesada ia na frente, abrindo caminho para a cavalaria mais leve, que seguia atrás. A guerra psicológica também era muito usada pelo exército, pois os mongóis procuravam infligir medo nas cidades que pretendiam conquistar. Eles também sempre simulavam uma fuga, quando outras estratégias não estavam mais dando resultado!


O califado árabe abássida deu lugar ao sultanato seljúcida islamita, a partir do ano 1.040, quando os turcomanos seljúcidas venceram a Batalha de Dandanacã, contra o Império Gasnévida, e conquistaram a região de Khorasan, na Persia. Os seljúcidas eram um povo islâmico sunita e medieval, de origem turcomana, e que vivia originalmente ao sul do Mar de Aral. Os guerreiros seljúcidas eram hábeis cavaleiros e sabiam manejar muito bem o arco e flexa, abrindo brechas nas tropas inimigas.

No mapa acima podemos ver a capital seljúcida Ispaã, (Aspadana ou Isfahan), e a máxima extensão das fronteiras do Império Sejúcida Islamita, por volta do ano de 1090. No mapa também aparece os locais das principais batalhas travadas pelos exércitos dos seljúcidas: as batalhas de Dandanacã, em 1040, contra o Império Gasnévida, e a Batalha de Manziquerta, em 1071, contra o Império Bizantino.


Os turcomanos islamitas sunitas acreditavam que podiam se comunicar com Deus, ou Alá, que eles veneravam, através de um processo hipnótico envolvendo a música e certas batidas sonoras rítmicas, feitas em tambores. Eles alcançavam um estado de transe hipnótico, o que levava o fiel ao estado de êxtase, onde ele acreditava se comunicar com Alá, recebendo assim as suas mensagens divinas!

Estas tribos turcomanas seljúcidas vieram do sul do Mar de Aral, e avançaram em direção ao sul, conquistando rapidamente a região de Khorasan (Coração), na antiga Pérsia, entre 1.020 e 1.040, onde existem vários países, tais como o Irã, Turcomenistão, Afeganistão e Usbequistão.

Em maio de 1.040, os seljúcidas turcomanos, liderados por um dos netos de Seljuq, (ou Sejuque), que foi o guerreiro que deu nome a esta dinastia, conseguem reunir um exército de 16.000 guerreiros, que conquistou toda a antiga Pérsia, que pertencia ao Império Gasnévida. Os seljúcidas também realizaram o cerco da cidade de Ispahã, antiga Aspadana, (ou Isfahan), entre os anos de 1050 e 1051, liderados pelo General Tugrul, irmão do general Chagri Begue Seljuque.



Em 23 de maio de 1040, os seljúcidas, liderados por Chagri Begue Seljugue, travaram a Batalha de Dandanacã, contra o exército de Maçude, sultão do chamado Império Gasnévida. Cerca de 20.000 soldados seljúcidas, bem motivados, enfrentaram cerca de 50.000 gasnévidas, e venceram! O Sultão Maçude foi deposto, e depois foi assassinado na prisão. Assim, Chagri Begue Seljugue assumiu o comando do antigo Império Gasnévida.

Os gasnévidas tinham criado o cargo de “Sultão”, para os diferenciar do cargo de Califa. A capital gasnévida ficava na cidade de Laore, no Paquistão, onde ainda se falava a língua Punjabi.

Finalmente, os seljúcidas avançaram até a região leste da Província da Anatólia, onde quem mandava era o Império Bizantino. Em 1.064, o general Alp Arslan, ou Alparslano, ("Leão Corajoso"), toma o poder, e se torna Sultão do Império Seljúcida, dando início ao primeiro sultanato da Dinastia dos Seljúcidas, imperadores seljúcidas islamitas, considerados os principais ancestrais dos atuais turcos modernos. Alparslano governou durante oito anos, de 1064 até 1082. Na figura acima à direita vemos um nobre guerreiro seljúcida. 

A capital seljúcida ficava na cidade de Isfahã (Isfahan ou Ispaão), conhecida na Antiguidade pelo nome de Aspadana. Ela tinha uma parte destinada aos judeus, um bairro chamado Jaudia, ou Yahudyya ("cidade dos judeus"). O famoso médico e filósofo Avicenna, que escreveu cerca de 450 livros, viveu na cidade de Isfahã.



Outra importante cidade do Império Seljúcida foi Bucara, situada no atual Uzbequistão. Localizada na Rota da Seda, foi um importante centro comercial e de estudos, ciências e conhecimentos que rivalizou com Bagdá, como a capital cultural dos Seljúcidas. Na foto à esquerda vemos a Mesquita de Kalyan, na cidade de Bucara.


Na verdade, Alparslano foi o segundo sultão do Império Seljúcida, porque o primeiro governante seljúcida foi Chagri Begue Micail Seljuque, que reinou de 1037 até 1064, mas não com o cargo de sultão.

O General Alparslano assumiu como sultão depois da morte de Chagri Begue, tomando o poder. No ano de 1.071 as tropas dos seljúcidas turcomanos islamitas, comandadas pelo Sultão Seljúcida Alparslano, venceram o Imperador Bizantino Romano IV Diógenes, na Batalha de Manziquerta, (ou Manzikert), no leste da atual Turquia. Posteriormente, Romano Diógenes foi solto, mediante o pagamento de um grande resgate.


Esta batalha foi um desastre para o Império Bizantino pois, foi a partir dela que a cidade de Constantinopla começou a ficar um pouco mais fraca, apesar de ainda continuar sendo muito poderosa. Alparslano ainda casou seu filho com a filha do imperador bizantino Romano Diógenes. Depois da morte de Alparslano, em 1072, seu filho Maleque Xá I foi aclamado como sultão, e governou de 1072 até 1092, ou seja, durante 20 anos.
Depois da Batalha de Manziquerta o Ocidente percebeu que o Império Bizantino já não tinha mais condições de oferecer proteção aos peregrinos cristãos que iam visitar a "Terra Santa", nem de continuar sendo o protetor da chamada Cristandade Oriental. Os muçulmanos seljúcidas passaram a controlar grande parte da região da Anatólia, o que pode ter precipitado o aparecimento das famosas Cruzadas, conforme nós já vimos.


Em 1077, o guerreiro Suleyman Ibne Cutalmish fundou o Sultanato de Rum, subordinado ao Império Seljúcida, e com capital em Nicéia, situada a apenas 88 quilômetros da cidade de Constantinopla. Bem mais tarde, este sultanato mudou sua capital para Konya, no centro da Anatólia. O Sultanato de Rum governou a maior parte da Anatólia, entre 1077 até 1307, e foi aliado da República de Gênova. Promoveu o comércio na região da Anatólia com a construção de caravançarais, um tipo de hospedagem para mercadores caravaneiros. Com o tempo, o sultanato foi se separando do grande Império Seljúcida, a quem devia vassalagem, ou seja, a quem era subordinado.
No ano seguinte, em 1078, os seljúcidas do Sultanato de Rum conquistaram a cidade de Jerusalém. Com isso, os cristãos que moravam naquela região começaram uma série de combates e revoltas contra os seljúcidas, o que desencadeou as famosas expedições das Cruzadas, em 1096, conforme já foi visto anteriormente neste artigo.

No ano de 1091 as poucas cidades sob o controle bizantino na Província da Anatólia são perdidas, e a cidade de Constantinopla estava ficando praticamente cercada por forças seljúcidas, e também por forças mercenárias das tribos dos varegues-pechenegues do sul da Ucrânia e do Reino da Bulgária.



Em 1204 os cruzados da Quarta Cruzada, apoiados pela cidade de Veneza, aproveitaram a oportunidade e resolveram atacar e conquistar a fragilizada cidade de Constantinopla, no que foram bem sucedidos. Depois, os cruzados ainda criaram o Reino Latino de Constantinopla, com reis católicos, mas que tinha um território bem menor do que o território do grande Império Bizantino, conforme podemos ver no mapa acima. Mas, Constantinopla ainda continuou controlando os dois estreitos estratégicos que separavam a Europa da Ásia: os estreitos de Bósforo e Dardanelos.
O Império Latino durou pouco tempo, apenas 57 anos, indo de 1204 até 1261, quando foi tomado pelo Rei Miguel VIII, da Dinastia dos Paleólogos, do Reino da Nicéia, (vide mapa), e que se proclamou Imperador Bizantino. Em 1274 Miguel Paleólogo decidiu unir a Igreja Católica com a Igreja Ortodoxa, o que durou pouco tempo. Isto foi considerado uma heresia, e resultou na sua excomungação pelo Papa Martinho IV.

O Sultanato Seljúcida de Rum (ou Rume) governou a Anatólia de 1077 até 1307, por cerca de 230 anos! Ao contrário do Sultanato de Rum, o grande Império Seljúcida começou a se dissolver bem antes, à partir de 1.194, depois da Batalha de Rey, onde o Sultão Toghrul III, de apenas 25 anos, foi derrotado e morto pelo Xá Ala Din Tekish, (ou Aladdin Tekesh), governador do Império Corásmio. A região de Rey faz parte atualmente da cidade de Teerã, capital do Irã. Toghrul foi aprisionado, e morreu degolado em 1194. O Sultão Toghrul III foi o último sultão do Império Seljúcida.

Esta derrota representou o fim do Império Seljúcida islamita, que durou de 1037 até 1.194, ou seja, por cerca de 157 anos, sendo depois substituído pelo Império Corásmio.



O Império Corásmio foi uma dinastia muçulmana sunita formada por turcomanos de origem mameluca. Dominaram o Irã entre 1077 a 1231, por cerca de 154 anos, primeiro como vassalos dos seljúcidas, depois de maneira independente, até o período das invasões dos mongóis. A dinastia corásmia foi fundada por Anusteguim Gharachai, um ex-escravo seljúcida que se tornou o primeiro governador da Corásmia, na antiga Pérsia. Seu filho foi Maomé I, que se tornou o primeiro Xá com cargo hereditário da Corásmia. Na figura acima podemos ver o mapa da maior extenção do Império Corasmio, por volta do ano 1210, que ia desde as terras situadas a leste do Mar Cáspio até as terras situadas no seu litoral sul, nas margens do Golfo Pérsico. Sua maior capital ficava no atual Turquemenistão e chamava-se Kunya Urgench, cidade localizada a leste do Mar Cáspio, conforme podemos ver no mapa acima.

O último imperador do Império Corasmio foi Ala Din Mohamed II, que lutou contra as tropas de Genghis Khan em 1231. Ala Din Mohamed cometeu assassinatos contra os embaixadores enviados pelos mongóis, o que fez com que Genghis Khan ficasse furioso, e enviasse um exército com cerca de 150.000 soldados treinados, que conquistou o grande Império Corasmio! O Xá Ala Din Mohamed fugiu, mas foi morto numa ilha, situada no meio do Mar Cáspio.

O Sultanato de Rum também sucumbiu frente ao ataque dos mongóis, em 1243, e desapareceu totalmente na primeira década do Século XIII. Em suas décadas finais, o Sultanato de Rum presenciou o surgimento de um pequeno sultanato, do líder turco Osman, que criou o seu sultanato, (dos turcos otomanos), em meados do Século XIII, na Anatólia, bem no meio do Grande Império Seljúcida.



A figura ao lado mostra como era feito o cerco de uma fortaleza durante a Idade Média. Os soldados de fora usavam altas escadas e catapultas para jogar pedras nas muralhas, para tentar invadir. Os soldados de dentro da fortaleza ficavam nas muralhas, jogando flechas, pedras e óleo fervente nos atacantes, para se defender dos ataques.

Naquela época, na Europa, os grandes senhores feudais geralmente moravam em castelos fortificados, onde os servos se abrigavam, para fugir da perseguição dos ladrões e grandes bandos armados de salteadores. Os senhores feudais (nobres) tinham guardas e exércitos, que eles treinavam na arte da guerra. Seus castelos fortificados dispunham de armas sofisticadas e curiosos meios e instrumentos de proteção. Cada feudo tinha a sua própria lei, moeda e impostos. Os nobres eram guerreiros que lutavam para defender o feudo, a igreja, os servos e a si mesmos. A nobreza europeia e os cavaleiros medievais eram subordinados ao clero e à poderosa Igreja Católica.

A relação de vassalagem foi criada na Idade Média, e era muito diferente da escravidão que existia na Antiguidade, pois o vassalo, ou servo, aceitava a sua condição de vassalo, se submetendo ao senhor feudal, que lhe garantia uma proteção, através de uma cerimônia chamada "Homenagem", onde o vassalo jurava fidelidade ao seu suserano. O vassalo era o “servo da gleba”, pois estava preso à sua gleba, que era um pedaço de terra que o senhor feudal lhe dava para ser cultivado ("benefício").



Uma parte daquilo que o servo produzia tinha que ser enviado ao senhor do feudo, onde o servo trabalhava, ("talha"). O servo também tinha que lutar nas guerras que o senhor feudal promovia, além de trabalhar 3 dias da semana nas terras do senhor feudal, ("corvéia"). Na figura abaixo a direita podemos ver como era constituída a Sociedade Feudal daquela época. A igreja Católica e o Alto Clero muitas vezes tinham mais poder do que os reis dos diversos reinos europeus. Devido à sua grande importância, durante a Idade Média, a igreja podia impor condições e castigos, como a excomungação daqueles que cometiam heresias. Alguns historiadores colocam a Igreja Católica na posição mais importante da Sociedade Feudal, durante o feudalismo.
A Sociedade Feudal na Europa, durante a Idade Média, era estamental e praticamente não havia qualquer chance de mobilidade social.



A relação de vassalagem também era adotada nos pequenos reinos, que se submetiam a um reino maior, mais forte e poderoso, dentro de uma grande região, onde geralmente existia um rei. O rei era o suserano com maior número de vassalos, mas, ele não podia fazer as leis dentro dos feudos. A quebra do juramento de vassalagem implicava na perda das terras concedidas. Aquele que não tinha terras era chamado de "vilão". Aqueles servos que perdiam suas terras geralmente iam morar nas vilas, onde viravam prestadores de serviços essenciais, ou pequenos comerciantes.

A igreja e o clero estava dividida em alto clero (bispos e abades) e baixo clero (padres e monges). O clero estava isento de impostos e podia arrecadar o dízimo. O dízimo era um imposto periódico informal criado pela Igreja Católica, e correspondia a cerca de 10% das posses dos fiéis, ou dos nobres ocupantes das terras da igreja. Além de promover a educação, a igreja também tinha as suas terras. Muitas destas terras eram deixadas para a Igreja Católica como herança, ou eram doadas. Bem poucas pessoas sabiam ler e escrever, sendo este um privilégio dos nobres e do Alto Clero.



A igreja católica também administrava hospitais, asilos, orfanatos e mosteiros, onde ficavam guardados alguns livros importantes do período greco-romano.

A igreja católica era a única que podia interpretar a Bíblia, sendo considerada a representante de Deus na Terra. Qualquer prática que fosse contra a doutrina da Igreja Católica era considerada uma heresia, e podia ser punida, inclusive com a perda de posses e até com a morte na fogueira! Os judeus e muçulmanos foram muitas vezes considerados como hereges. Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou a instituição mais poderosa do mundo, com um grande poder político e econômico!


O Império Mongol foi o maior, em terras contínuas, da história. Surgiu da unificação de tribos nômades da Mongólia, em 1206, durante a liderança do guerreiro Genghis Khan, cujo nome real era Temujin. A antiga capital dos mongóis era a cidade de Karakorum. O Império Mongol se espalhou rapidamente por toda a Eurásia, por causa de um estilo de vida nômade e rebelde que as tribos da Mongólia adotavam.

Os mongóis eram hábeis guerreiros, que sabiam usar muito bem os seus cavalos para disparar suas flechas nos exércitos inimigos, preparando ataques e contra ataques muito rápidos. Inicialmente, não gostavam de usar couraças e armaduras, mas, depois começaram a adotar proteções de metal, inclusive nos seus cavalos.




Assim, usando táticas de guerra inovadoras, os exércitos dos mongóis conquistaram muitas cidades da Ásia, conquistaram o Império Corasmio, e desviaram seus exércitos para as terras do Oriente Médio, onde cometeram muitas barbaridades e conseguiram chegar até bem perto do Império Mameluco do Egito, ponto final do seu expansionismo. No mapa acima podemos ver a maior extensão do grande Império Mongol, por volta do ano 1280.


No Oriente Médio o Império Mongol chegava até as margens do Rio Eufrates. Na Europa o Império Mongol chegou até perto da cidade de Viena, na Áustria, dominando toda a Rússia, a Ucrânia, Bulgária e terras da Europa Oriental. Na Ásia os mongóis dominaram grandes extensões de terras, tais como o Afeganistão, Persia, Kasaquistão, China, Koréia, e o sul da Sibéria.
Genghis Khan morreu em 18 de agosto de 1227, e nomeou seu terceiro filho Ogedei como seu sucessor. Na foto acima, à direita, podemos ver a região onde ficava a cidade de Karakorum, a capital antiga da Mongólia.

Genghis Khan tinha centenas de escravizadas sexuais, e deixou um número incalculável de descendentes, em todo o mundo. Hoje em dia, estima-se que cerca de 35% da população da Mongólia é descendente de Genghis Khan.

Os mongóis dividiram o seu império em Hordas e Kanatos, sendo a mais famosa delas a chamada Horda Dourada. Os mongóis tomaram a cidade de Bagdá em 1258 e a cidade de Damasco em 1259, mas, foram derrotados na Batalha de Ain Jalut, em 03 de Setembro de 1260, pelos soldados mamelucos do Egito, conforme veremos adiante.


Outro grande líder mongol foi Kublai Khan, neto de Genghis Khan. Kublai chegou ao poder em 1260, como quinto Grão Khan do Império Mongol, e fundou a Dinastia Yuan.

Kublai Khan conseguiu conquistar a China e mudou a capital do império para a cidade de Pequim. Durante seu governo ele recebeu, na China, o viajante veneziano Marco Polo, que escreveu um livro sobre suas viagens, dando um destaque especial para Kublai Khan. Durante o seu reinado o Império Mongol adotou a religião oficial do Budismo. Kublai ainda tentou invadir o Japão, mas a sua frota naval foi destruída por uma tempestade marítima.

Kublai Khan faleceu em 1294. Após sua morte, o grande Império Mongol começou a declinar, e se dividiu em quatro grandes Canatos: a Horda Dourada, na região noroeste; o Canato de Chagatai, na Ásia Central; o Ilkanato, na região sudoeste; e a Dinastia Yuan, na região leste, e cuja capital era a cidade de Pequim. Com o passar do tempo, os três primeiros canatos adotaram a religião muçulmana, enquanto a Dinastia Yuan preferiu adotar a religião budista. Abaixo vemos um mapa dos quatro Canatos que dividiram o Império Mongol entre si. Notem que o Ilkanato (na cor roxa) ocupava a região da Persia e ia até a região do Rio Eufrates, no Iraque.



Com o passar do tempo, as regiões onde ficavam os Canatos foram brigando entre si, e se enfraquecendo. Mais tarde, no ano de 1.480 (do Século XV) a chamada Horda de Ouro (ou Horda Dourada) foi derrotada e expulsa da Rússia pelo Grão-Principado de Moscou (Moscova).

O grande Império Mongol existiu por cerca de 162 anos, indo de 1.206 até 1.368 depois de Cristo. O que restou depois foram apenas alguns Canatos (kanatos) e reinos espalhados pela Ásia, provenientes do antigo Império Mongol.

No Oriente Médio, depois que dominaram a região da antiga Pérsia, as tropas do exército mongol avançaram em direção da Península Arábica onde, no ano de 1.259, tomaram a cidade de Damasco, a antiga capital da Dinastia Omíada.



A divisão do exército mongol que atacou Damasco foi comandada pelo General Quitebuga Noyan, (ou Ketbuga), que era um turco nestoriano, ou seja, seguia a antiga Igreja Católica do Oriente, que foi a maior igreja católica do mundo, em termos territoriais. Assim, ele tinha simpatia pelos cristãos e, depois que tomou Damasco, Quitebuga poupou da morte os moradores cristãos. A família do General Quitebuga (ou Quedebuga) era originária das Montanhas Altai, na divisa atual entre a Rússia e o Kasaquistão, uma região de estepes e florestas alpinas. Na lingua turca Altay quer dizer Montes Dourados.


Já as tropas do exército mongol que avançaram em direção da cidade de Bagdá, a capital do antigo Império Abássida e Seljúcida, eram comandadas por um neto de Genghis Khan, chamado Hulagu Khan, um provável herdeiro do Império Mongol.

Bagdá era um grande centro de cultura, ciências, comércio e artes dos povos árabes. Abrigava a Academia de Ciências e a Casa da Sabedoria, que conservavam e preservavam obras clássicas de diversas civilizações. Bagda já não era mais a capital administrativa do mundo islâmico, mas, ainda era a sua capital cultural.

No dia 10 de fevereiro de 1.258, Hulagu arrasou com a cidade de Bagdá, cometendo atos desumanos e de extrema selvageria. Os livros foram queimados e jogados no Rio Tigre, as mulheres foram estupradas, e os velhos e crianças foram mortos. O califa de Bagdá, chamado Almostacim, foi enrolado num tapete e a cavalaria mongol passou por cima dele, que morreu pisoteado pelos cavalos. Os mongóis ficaram uma semana saqueando Bagdá, cometendo crimes e atos desumanos.



Estes atos horrorizaram os políticos e os maiores guerreiros árabes daquela época. Hulagu ainda tomou as cidades de Aleppo e Damasco, na Síria, cometendo os mesmos atos de cruel selvageria. Na figura acima vemos uma ilustração mostrando a cidade de Bagdá, em 1258, na margem do Rio Tigre, no atual Iraque, antes de ser destruída pelo exército dos mongóis, comandado por Hulago Khan.

Estes episódios marcaram o início da decadência e do posterior atraso do antigo Império e Califado Abássida-Seljúcida Islamita, precipitando o seu fim iminente.


Enquanto isso, no Egito, a nova capital administrativa do Mundo Islamita, começou a se destacar um bravo comandante das tropas dos mamelucos, chamado General Muzaffar Qutuz, (ou Almozafar Cutuz), que havia tomado o poder no ano de 1250. O seu exército de mamelucos era apenas cerca de 25.000 soldados, enquanto o exército de Hulago Khan era aproximadamente 10 vezes maior!

O comandante do exército mongol, Hulagu Khan, quando já estava travando batalhas na região da Palestina,  perto do Egito, exigiu que Qutuz se rendesse, enviando-lhe uma mensagem antecipada. Entretanto, quando já estava perto de atacar o Egito, um milagre aconteceu. O General Hulagu ficou sabendo que o seu irmão, o grande Khan Mongke, havia morrido na Mongólia, e decidiu, de maneira inexplicável, voltar com seu exército para a distante Mongólia, a fim de participar das lutas sucessórias.

Hulagu deixou no Oriente Médio apenas uma pequena parte do grande exército mongol, comandados pelo General Quitebuga, (ou Quedebuga), composto por apenas cerca de 12.000 soldados experientes, que julgou serem suficientes para enfrentar e derrotar os mamelucos do Egito, comandados pelo General Mameluco Muzaffar Qutuz.



Acontece que Muzaffar Qutuz também era um guerreiro experiente, que já havia sido um ex-escravo e soldado mameluco, e sabia como comandar um exército, para conseguir a vitória. Assim, os dois exércitos, dos mongóis e dos mamelucos do Egito, se enfrentaram na Planície de Esdrelon, perto da antiga cidade de Megido, onde existe uma profecia bíblica a respeito da Guerra do Armagedon, que vai acontecer no final do mundo, segundo os livros da Bíblia Católica.

Qutuz mandou na frente apenas uma parte do seu exército, cerca de 10.000 soldados, comandados pelo General Mameluco Barbars Bunduqdari, enquanto o resto ficou escondido no meio das árvores de uma colina próxima. No dia 03 de Setembro de 1260, depois que começaram os combates, as forças mamelucas fingiram que estavam se retirando, abandonando o campo de luta, e o exército mongol foi atrás. Quando chegaram na colina, o restante do exército mameluco saiu do esconderijo e caiu sobre os mongóis, decidindo o resultado da famosa Batalha de Ain Jalut, (ou Aim Jalute), como esta batalha foi chamada.  O General Quitebuga, do exército mongol, foi capturado e executado.

Muitos historiadores consideram a Batalha de Ain Jalut como a mais importante batalha para o futuro da Cristandade. Se as tropas dos mongóis tivessem vencido, eles poderiam facilmente dominar o Egito e também a Europa. O general Muzaffar Qutuz venceu, e se proclamou Sultão do Egito, garantindo a Dinastia Mameluca no poder por mais 240 anos! Esta foi a primeira grande derrota dos exércitos mongóis, desde que eles haviam saído da Mongólia, à cerca de 43 anos atrás!



Alguns historiadores consideram que foi na Batalha de Ain Jalut aonde foram usados canhões de mão pela primeira vez, pelos mamelucos, para assustar os cavalos dos mongóis. Mas, outros historiadores acham que estes canhões de mão foram usados apenas para lançar nafta incendiária contra os cavalos dos mongóis, uma vez que os projéteis, movidos pela pólvora explosiva, só foram usados alguns anos depois. 

O general Hulago Khan morreu na Mongólia, em 1265, sem vingar a derrota na Batalha de Ain Jalut, como eles costumavam fazer. O seu irmão, Kublai Khan, assumiu o poder na Mongólia. Os descendentes de Hulago foram morar na Pérsia, se converteram ao islamismo, e formaram alguns pequenos canatos (pequenos reinos ou Khanatos), que ficaram subordinados e prestaram vassalagem para a Pérsia Mongol (Ilkhanato Mongol).

Depois da vitória na Batalha de Ain Jalut, em Setembro de 1.260, o Egito se tornou definitivamente o novo centro do mundo islâmico.

Após a morte de Muzaffar Qutuz, em outubro de 1260, o Império Mameluco, que ele fundou, durou até o ano de 1517, quando foi conquistado pelos turcos otomanos. O grande General Muzaffar Qutuz morreu assassinado, em outubro de 1260, durante uma caçada, num atentado preparado por um grupo de emires do Cairo.



Depois da morte de Qutuz assumiu o governo o General Baybars Bunduqdari, que foi Sultão Mameluco do Egito e da Síria durante o período de 1260 até 1277. Durante este período Baybars assumiu a luta contra os invasores cruzados e contra os invasores mongóis, conseguindo grandes vitórias.



O Sultanato Mameluco e Islâmico do Egito foi comandado pelos militares mamelucos que tomaram o poder em 1250. Foi um sultanato que teve uma longa duração, pois existiu durante 267 anos, ou seja, entre os anos de 1250 e 1517, quando depois foi finalmente conquistado pelos turcos otomanos. Os escravos libertos e guerreiros chamados mamelucos podiam portar armas, e tinham um status social acima dos cidadãos comuns do Egito.

Os mamelucos também dominaram a Síria, partes da Arábia, e o comércio pelo Mar Vermelho. No ano de 1.348 a Peste Negra atacou o Império Muçulmano Mameluco e matou um terço da população do Egito! Os mamelucos também dominaram partes do Oceano Índico e assumiram o monopólio do comércio das especiarias orientais.



Espero que tenham gostado deste artigo, onde eu procurei retratar os principais episódios históricos relacionados com o Império Seljúcida, o Império Corásmio, o Império Bizantino, o Sultanato de Rum, o Sultanato Mameluco do Egito, e as invasões dos Cruzados e dos Mongóis.
Acho importante destacar que todos estes acontecimentos históricos aconteceram durante o Período Feudal na Europa, e durante os diferentes Califados e Sultanatos que existiram nesta época, no Oriente Médio. Assim, podemos considerar este período como um enfrentamento de povos vindos de mundos diferentes, com culturas e mentalidades diferentes, um verdadeiro "caldeirão cultural" de diversos povos, que acabou apressando o fim da Idade Média, e lançou o mundo num contexto histórico diferente, proporcionando o surgimento da Idade Moderna.
Tudo de bom para todos!





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